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Spray de Pimenta Noir
(Letra e música: Cris Campos, Beto Pio e Ramúzyo Brasil)

sábado, 1 de dezembro de 2012

Sobre a questão dos Royalties *



Essa questão dos royalties me faz pensar em coisas como Serra Pelada. Aquele lugar onde hoje só resta um buraco negro e lamacento nas memórias quase apagadas de nossa história recente. Deixando como herança um dano irremediável ao meio ambiente; saúde pública e social no Estado do Pará.

Naquela época, quando o Sul e Sudeste desfrutavam fartamente da mão de obra e matéria prima vinda do Norte e Nordeste, não havia os tais dos royalties.
Pensávamos lá: O que é do Brasil é dos brasileiros!
E quanto às florestas amazônicas devastadas para alimentar a indústria madeireira pesada da construção civil e de móveis? Com certeza algum filho da puta daqui derruba as árvores, mas é óbvio que essas árvores não alimentam o consumo local. Existe um comprador, sim ele, o corruptor, que paga uma miséria para alguém cometer um ato braçal e criminoso por ele. Essa madeira, pelo volume que se apresenta, só pode ter como destino outros mercados que não o local. Não há aqui na região demanda industrial para isso tudo.
Ficam aqui o prejuízo, a poeira, os buracos imensos da extração de minérios, a poluição e a miséria.
Mas os royalties? Ah não! Este é só para o petróleo.
O engraçado mesmo é que isso tudo foi inventado ao mesmo tempo em que foi-se achando mais e mais petróleo no pré-sal.
A justificativa para a existência dos royalties é reparar o impacto ambiental e social que a atividade extrativa do óleo causa, além de prever uma espécie de “aposentadoria” para o dia que o petróleo acabar(!) nessas cidades. E o minério de Carajás também não vai acabar um dia? E o buraco imenso cravado ali em plena selva amazônica, vai fechar sozinho? Como vão ficar os funcionários da Vale depois que todo o minério estiver na China? Não seria o caso de haver royalties também para reparar tudo isso?
Enquanto isso, o prefeito do Rio de Janeiro esbraveja que a administração da cidade vai se tornar inviável com a nova distribuição dos recursos vindas dos royalties, colocando em risco até a realização da copa do mundo e das olimpíadas. Mas esse dinheiro não é para o reparo dos danos que a atividade traz? Em que uma copa do mundo e as olimpíadas podem ajudar nessa tarefa? Está claro que está todo mundo de olho nessa dinheirama e não estão nem aí para o real propósito ao que ele se destina. Com ele vão construir estádios e outras obras eleitoreiras que só tem como objetivo a autopromoção dos políticos que desfrutam de mandato.
Os gananciosos ao ver o ouro negro brotando diante dos seus olhos logo alertaram: É meu!
Até mesmo por lá, cariocas e capixabas estão se engalfinhando para pleitear “igualdade” na distribuição dos tais royalties. Ora, o petróleo é do Estado do Rio de Janeiro e Espírito Santo e não apenas das cidades que o produz, apregoam eles.
Então, se o Brasil é dos brasileiros e o minério do Nordeste é dos brasileiros, se a madeira da Amazônia é dos brasileiros, se a soja do Centro-Oeste e Nordeste é dos brasileiros, se a energia gerada pelas hidrelétricas que inundaram áreas imensas nessas regiões é dos brasileiros, porque o petróleo, e somente ele, deve pagar royalties para as cidades de onde ele sai?

Dito de um paulista olhando o Brasil daqui do Maranhão, por um outro ângulo.


* Beto Piovacari


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